LIÇÕES NO MÉTODO TEATRO-FEIJÃO-COM-ARROZ
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MÉTODO TEATRO-FEIJÃO-COM-ARROZ (1975) – Este método mantém a plena consciência de que atuar é uma partícula das peculiaridades individuais, demonstradoras dos efeitos. No Teatro-Feijão-Com-Arroz, atores não se esquecem de seu estágio e condição de atores.
Atores não se imaginam personagens, não se transformam, não fazem laboratório, porém falam o texto e este, por si só, desenha e colore a encenação. Este método nem acredita no realismo tampouco no distanciamento, porém, da ironia própria do texto no Teatro-Feijão-Com-Arroz. Atores, portanto, serão sempre atores-teatro-feijão-com-arroz ou atores falam-papéis.
Aos que amam o teatro, o papel no método Marcello Ricardo Almeida aborda temas sociais quer em pequenas peças ou peças-sintéticas-teatro-feijão-com-arroz, quer em peças de período superior à uma hora. Quando uma peça, no Teatro-Feijão-Com-Arroz é encenada, podem-se também transmitir mensagens de caráter filosófico (ou religioso) que poderão agir sobre pessoas fazendo-as modificarem o modo de ver as coisas ou até mesmo o comportamento.
O próprio povo, causador do problema, não-consciente do que causou, diverte-se de sua própria condição de povo no Teatro-Feijão-Com-Arroz. Neste método foram abolidas as tradicionais “cenas” e “atos”, do teatro antigo. Porque em seus lugares surgiram “fases” e “situações”, respectivamente.
A divisão em Situações e Fases, no Teatro-Feijão-Com-Arroz, aboliu Atos e Cenas. E com a supressão das rubricas, melhora à concepção cênica do texto. Isto, na estrutura do texto teatral, auxilia a concepção aos que atuam e no conjunto de personagens aos que encenam ou dirigem o espetáculo.
Sendo “situação” uma divisão curta da peça, em um lugar, por exemplo, uma rua; caso a continuação da peça seja no campo, muda-se de (Situação Um para Situação Dois ou Situação Uma para Situação Duas e assim, sucessivamente, até a Situação Derradeira); as “fases”, inferiores às “situações”, são seguidas, seqüencialmente, por letras alfabéticas (Fase A, Fase B etc., ou Fase Única); estas vão mudando à proporção da chegada ou saída das personagens ao palco, com a indicação à frente (Fase A – Entra um elefante na banheira, v.g., em seguida, as falas das personagens e, depois, Fase B – Sai o elefante e, na sequência, outras falas). No teatro clássico, os “atos” eram usados como uma divisão longa da peça. Usados para mostrarem vários lugares, por exemplo, uma rua, um campo; mudando para isto apenas as “cenas”.
No método Marcello Ricardo Almeida, com estrutura própria, segundo a opinião do dramaturgo Fauzi Arap, baseia-se muito na polarização das personagens; o conflito está sempre presente. As falas são sempre dramáticas (no sentido dramatúrgico, teatral) e o público se diverte muito. Ri de sua própria tragédia urbana; isto acontece nas mais variadas plateias: alunos universitários, alunos secundaristas ou mesmo no ensino fundamental, público de teatro, teatro noturno, diurno, matinê. Diferentes públicos de diferentes lugares, de diferentes classes se divertem muito de sua própria tragédia urbana.
MÉTODO TEATRO-FEIJÃO-COM-ARROZ – De origem brasileira; sistematizado por Marcello Ricardo Almeida, na década de setenta. Este dramaturgo – com mais de 120 peças escritas – recebeu ao longo de sua carreira, prêmios literários. Reconhecido pela SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais/RJ) e publicado na Revista de Teatro 513/2002, o Teatro-Feijão-Com-Arroz não é o teatro de iniciantes. Não é considerado teatro simples. Não é um método básico ao exercício teatral. Os conflitos são apresentados sem mostrarem rumos. Redimensiona a contemporaneidade do teatro que se faz; expõem aspectos mascarados do cotidiano, reestrutura outro fazer teatral.
Se methodu tem origem latina, méthodos vem dos gregos. O método Teatro-Feijão-Com-Arroz é caminho para se chegar a um fim cênico, no palco, o papel é desempenhado sob as máscaras do deboche; é o modo ordenado para que se proceda com ironia cênica e crítica às mazelas; é o conjunto de procedimentos técnicos que obedecem ao texto e à interpretação dramaticamente irônica. Método da ordem dramático-pedagógica quando há ne
cessidade a plateia de teatro.
Teatro-Feijão-Com-Arroz é o teatro que procura romper com a trama e manter atores e plateia em atitude de vigília crítica e irônica. Ironia no sentido etimológico grego; não ironia com sinônimo de depreciação ou zombaria gratuita.
As peças no Teatro-Feijão-Com-Arroz mantêm espectadores conscientes e não em estado de torpeza ou hipnose diante dos fatos apresentados na encenação teatral. Evita, assim, a imersão no universo cenicamente construído. Apresenta-se em constante estado de tensão, em permanente contradição entre si.
“Na casa do ferreiro o espeto é de bambu” peça no método Teatro-Feijão-Com-Arroz apresentada nos palcos brasileiros desde 1988. Texto disponível no livro As Ruas. História do texto de pantomima do dramaturgo Marcello Ricardo Almeida:
Mímica no método Teatro-Feijão-Com-Arroz: “Casa de ferreiro espeto de pau”.
Dramaturgo: Marcello Ricardo Almeida.
Teatro Carlos Gomes.
Prêmio: Jote-Titac NuTE/1988.
Direção: W. Krambeck.
Atores: Diogo Junkes e W. Krambeck.
Melhor ator: D. Junkes.
Melhor maquiagem: Iraci Potrikus.
Extensão: “Casa de ferreiro espeto de pau” no Departamento de Cultura da PMB, organizador de “Terça tem teatro”, além de outras peças teatrais apresentadas no palco do auditório do Centro de Cultura.